Sonhei que me desossava por inteira.
Calmamente,
com minhas próprias mãos
repuxei todos os meus ossos
repuxei todos os meus ossos
pela boca
Vértebras, pernas e bacia
Braços e costelas
Braços e costelas
Extraí de meu corpo
Carpo e metacarpo
E subi num ônibus
Carregando meu esqueleto.
Carpo e metacarpo
E subi num ônibus
Carregando meu esqueleto.
Sem saber o que fazer
Jogá-lo fora não podia
Só me restou comer
E eu o comia.
Ou melhor, chupava-o
Osso por osso
todo o tutano
E cada pele de ano
que em mim se somava
Em mim - Homem do Agora
Contemporâneo
Que contém todos os tempos
No simultâneo
Homo-Átomo
Homo-Sapiens
Homem-Sapo
Super-urânio
Subi no ônibus
Carregando o meu crânio.
E com ele todos os milenares segredos
Informações da estrutura.
Suguei de mim
Meu próprio futuro
do passado
Estarei lá atrás.
Meus ossos existem antes de mim:
Nasci para desencarná-los.
Agora sou um corpo desossado
e sigo andando
Mim caminho
Mim perdura
Pergunto-me:
Jogá-lo fora não podia
Só me restou comer
E eu o comia.
Ou melhor, chupava-o
Osso por osso
todo o tutano
E cada pele de ano
que em mim se somava
Em mim - Homem do Agora
Contemporâneo
Que contém todos os tempos
No simultâneo
Homo-Átomo
Homo-Sapiens
Homem-Sapo
Super-urânio
Subi no ônibus
Carregando o meu crânio.
E com ele todos os milenares segredos
Informações da estrutura.
Suguei de mim
Meu próprio futuro
do passado
Estarei lá atrás.
Meus ossos existem antes de mim:
Nasci para desencarná-los.
Agora sou um corpo desossado
e sigo andando
Mim caminho
Mim perdura
Pergunto-me:
Como é possível bailar assim,
sem ossatura?
