Fui no médico de olho
E descobriu-se que há
Um cisco no meu olho esquerdo
Entendi que por conta disso
Aprendi a enxergar
Só pelas tangentes de mim
E fui tropeçando a vista nos outros
Comecei vendo toda a vida embaçada
E a mim mesma em tudo, misturada
Até alcançar uma visão embargada
De diferente compreensão
O cisco causou cisão no meu andar
Síncopa no meu coração
Delírio de palavra
Coceira de ver o mundo na totalidade.
'Deve arrancá-lo do olho', receitou o médico
Mas fiquei a me perguntar:
Como fazer isso sem levar
com o cisco o meu olhar?
Esse Sr. Nascimento
Certas canções que ouço
Cabem tão dentro de mim
Que perguntar carece:
Quem foi que contou para o Milton?!
Para não criar tumores
O regulador da bomba quebrou.
Agora estou inundada de verbos desgraçados!
A garganta rasgada, por um grito descomunal
Entorna no papel o escuro e espesso caldo da raiva.
Não, raiva, não...
É réiva!
Poesia Insólita
Passado o ácido inverno
À indigestão das horas - velha azia
Minha flora intestinal está novamente desabrochando
É a primavera gástrica que se anuncia.
Assinar:
Postagens (Atom)